segunda-feira, 7 de julho de 2014

A comercialização da fé e o surgimento da “igreja” politicamente correta


        Não é de hoje que muitas instituições religiosas ganham destaque na mídia por tocarem em assuntos que a pós-modernidade não quer mais discutir,  citando alguns: divórcio,  aborto, e o já senil métodos contraceptivos. Entretanto, a instituições religiosas cristãs, leia-se as protestantes em particular, também têm temas que são intocáveis porque entendem que não são questões doutrinárias, mas de leitura bíblica. Não é raro a sociedade secular, em suas contestações, citar o dízimo como um dos principais defeitos das religiões cristãs.
      É obvio que a igrejas, como qualquer outra instituição, têm contas a pagar e é mais do que natural que os membros contribuam para sua manutenção e também para a ajuda aos mais necessitados, uma das marcas do caráter cristão. O que a sociedade secular confunde, com toda razão, é o absurdo que algumas instituições religiosas evangélicas prometem quando insistem em pedir mais e mais dinheiro, chamado por algumas como oferta de amor, sacrifício pessoal, missões etc. Algumas dessas igrejas propoem, inclusive, que se a pessoas dobrarem sua ajuda financeira, o que chamam de ousar na fé, serão mais abençoadas, terão seus filhos libertos da droga, seus casamentos restaurados, doenças curadas, empregos com salários mais altos etc.
    Tampando os ouvidos para as críticas do secularismo, que têm um fundo de verdade, mas vem cercadas de intolerância e generalismo, muitas igrejas têm dado ao mundo um péssimo exemplo de Cristianismo e oferecido aos seus membros uma religião apenas, cuja principal tônica é: é possível comprar o favor de Deus. Em outras palavras, nas entrelinhas dessas atitudes, entende-se que é uma religião onde os membros são clientes e, como a máxima popular defende, o cliente sempre têm razão.
      Uma das consequências de uma fé comerciável é que seus adeptos pouco ou nada sabem do autêntico Cristianismo. Em parte alguma da Bíblia, Jesus promete uma vida de facilidades e desejos satisfeitos, porém está é a ideia que essas denominações pregam. Provavelmente, por isso que em cada esquina há uma igreja, para que o membro, ou cliente, encontre aquela que mais se identifica, isto é, aquela que mais o AGRADA.
   Os comerciantes fazem propagandas exatamente para atrair fregueses. Capacitam funcionários para que estes aprendam a tratar o cliente, pois cliente SATISFEITO retorna para comprar mais e ainda indica a loja para outras pessoas. Aqui nasce mais um dano desse tipo de instituição religiosa que tem “milagres” para vender; ela não se preocupa com o que a Bíblia diz, ela não ensina ao povo como um cristão verdadeiro deve se comportar. Pelo contrário, ela diz aos seus membros que Deus tem a obrigação de abençoá-lo, diz que quanto mais dinheiro “sacrificar” no altar, mais Deus fará.
     A marca da apostasia na atualidade é disseminar um Cristianismo que não forma cristãos, mas forma frequentadores de uma religião que balança na frente deles uma vida de facilidades. Essa apostasia é tão grande e está tão presente no meio evangélico que muitas pessoas não veem mais o engodo que têm comprado.  Denominações que distorcem o Cristianismo para que suas meia-verdades passem como bençãos têm feito nascer uma “igreja” politicamente correta.
    A “igreja” politicamente correta é aquela que se apropria do discurso secular e o pincela com trechos bíblicos fora de contexto, o objetivo dessa denominação não é mais fazer frente ao mundo que perece, mas é vestir uma máscara de respeitabilidade e dizer o que o cliente/membro quer ouvir. Não é de se admirar que os cantores gospel tenham, nos últimos anos, conseguido lugar até em emissoras de tv que cansam de apoiar uma moralidade relativista. Sob o versículo bíblico que virou bordão, “não julgueis para que não seja julgado”, muitos cristãos comprometidos têm abandonado igrejas evangélicas por não encontrarem lá mais do que traços do Cristianismo autêntico.
  Cabe lembrar que a Igreja Protestante nasceu como oposição à comercialização de relíquias religiosas que a Igreja Católica de então fazia, mas algumas denominações evangélicas não cansam de fazer o mesmo. Além de comercializar a fé, dar todas razão aos seus membros/clientes, a “igreja” politicamente correta financia shows, eventos, cantinas, festas gospel variadas, tudo para atrair o cliente, tudo para deixar a “religião” mais agradável aos jovens. Métodos carnais pululam dentro de algumas igrejas, fato que além de ofender a Deus, ofende aqueles que têm compromisso com Jesus Cristo.
     Nem como sistema éticos a “igreja” politicamente correta serve, porque valores cristãos também não são ensinados. O culto nada mais é do que uma forma de massagear egos, criar emocionalismo e arrecadar dinheiro. A oração e a leitura bíblica não atraem adeptos, então são deixados de lado.  É uma igreja de discursos bonitos, palavras banais, nela não existe a palavra pecado, o nascer de novo citado por Jesus Cristo nunca é levado a cabo porque as pessoas não ouvem sermões de contrição, só recebem conforto e promessas de dias melhores. Essas instituições não ensinam que o arrependimento e a salvação são os maiores milagres que um cristão recebe. Pelas mil e uma bênçãos que prometem, não é de se estranhar que o protestantismo brasileiro tenha tantos novos adeptos. Qualquer dia, as igrejas cristãs também terão seus crentes não-praticantes. Uma igreja assim não pode ser a noiva de Cristo. 

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