segunda-feira, 23 de junho de 2014

Nicholas Sparks e os romances água-com-açúcar





Nicholas Sparks e os romances água-com-açúcar


      Nicholas Sparks é conhecido mundialmente por seus livros românticos, que muita gente chama de romance água-com-açúcar por girarem sempre em torno da temática encontrar o amor verdadeiro. Os livros de Sparks, invariavelmente, recebem muita notoriedade e encabeçam a lista dos mais vendidos. Obviamente que tanto sucesso atraí críticas com tons depreciativos.

      Muitos leitores consideram esse tipo de livro como subliteratura, e acaba sendo mesmo, porque o comparam com Machado de Assis e Jane Austen. Os fãs de Nicholas Sparks não esperam que os romances dele sejam mais do que são, ou seja, entreterimento, passatempo e diversão.

     Outra crítica que os água-com-açúcar recebem é que seguem a mesma fórmula: mulher/menina pobre/problemática conhece homem/rapaz rico e bonito e tem sua vida mudada por ele, mudada para melhor é preciso ressaltar. Em alguns casos, por exemplo, no excelente Um porto seguro escrito por Nicholas Sparks, o “herói” da história precisava encontrar a protagonista para ter suas feridas cicatrizadas por ela. Nessas histórias, o personagem principal é sempre o amor verdadeiro que atua como fio condutor em que a narrativa se desenrola.

      Cabe lembrar que os romances água-com-açúcar têm um passado antigo (lembrem-se de José de Alencar e o Romantismo no Brasil) e, sem duvida, reverbera até a pós-modernidade fortalecidos também pelos livretos Sabrina, Bianca e Júlia que até hoje atraem um público considerável.
      É preciso, entretanto, fazer uma separação entre os livros escritos por Sparks (e outros semelhantes) com um outro tipo de romance que têm aparecido na lista dos mais vendidos: os romances água-com-açúcar não incluem livros que seguem a linha Cinquenta tons de cinza, cujo argumento principal é contar uma história erótica que para se sustentar pincela a narrativa com algum romance. O intuito das narrativas românticas é contar uma história de amor e não aventuras sexuais. Óbvio que histórias assim atraem algum público, mas não estão inseridas na defesa que aqui se faz. 

     Algumas mulheres leitoras não gostam de livros românticos porque encontram neles um discurso paternalista. Elas percebem que a mensagem subliminar dessas narrativas é que a mulher está incompleta até achar um homem. Esse argumento merece especial atenção porque tem alguma verdade. Entretanto, as leitoras dos romances água-com-açúcar gostam dessa leitura exatamente pela fantasia que proporcionam. Como todo leitor sabe, o papel da ficção é levar o leitor a lugares improváveis, a mundos só admissíveis na imaginação. Claro que nenhuma leitora razoável vai tomar a história para si e fazer dela objetivo de vida. Esses romancezinhos de fórmula pronta, com um belo felizes para sempre como desfecho, nada mais são do que um escape das labutas diárias, é uma maneira da leitora, se adulta, se conectar à adolescente de outrora e seus devaneios com o príncipe encantado; se é jovem, hora oportuna para deixar-se suspirar por um futuro romântico.

          Não existe perigo nas leituras dos livros de Nicholas Sparks ou em qualquer outro do gênero, quando os lê, a leitora é a dama a ser salva; quando fecha o livro, retorna ao seu lugar de direito, que nem chegou a esfriar na sua ausência, e ela volta a ser politizada, mãe, professora, advogada, médica, motorista etc. É só uma forma de dar uma pausa na vida.

 

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