terça-feira, 17 de junho de 2014




Deus é amor, mas o amor não é Deus.
         Não precisa procurar muito, é só ligar a tv ou passear pelas redes sociais, sem dúvida, a palavra mais mencionada é AMOR. Não se passa um só dia sem falar nele, pensar nele, evocá-lo em situações diversas. O amor é o sentimento mais almejado, quem não o tem, está sempre à procura dele. Ele é cantado por poetas e cantores, analisado por filósofos, debatido em uma roda de amigos no fim de semana e o assunto principal das novelas, de vários filmes de bilheterias de sucesso.  Sua ausência é o motivo do caos no mundo, não é raro alguém dizer, ao témino de uma notícia horripilante da tv: “ Isso é falta de amor ao próximo!”. O amor é o sentimento mais belo, Luther King em um dos seus sermões, citou e explicou as facetas do amor: ágape, eros, fhilos, para tentar aplacar o ódio dos racistas.
        Por ser tão popular, o amor é quase uma divindade, dizem que ele pode mudar o mundo. Até alguém totalmente descrente acredita na suposta força motriz do amor para estabilizar qualquer situação. O amor, como dizem, é uma força poderosa. Entretanto, muitas pessoas justificam suas ações apelando para a autoridade que o amor tem  enquanto sentimento mais bonito. Alguns criminosos tentaram atenuar seus crimes porque agiram em nome do amor. Pense em um cônjuge, que ao saber da traição da esposa, a espanca dizendo que sua ação é nascida do amor que tem por ela, que assim o faz por não poder viver sem ela. Shakespeare fez o personagem Otelo praticar semelhante ato, quando, envenenado por calúnias, matou Desdêmona; impressionante o fato e propício para uma reflexão literária, que o escritor não deixou dúvidas sobre a autenticidade do amor do mouro pela jovem assassinada.
   Do amor se espera muito, não é de se estranhar que ele seja usado como desculpa para atos que levantam questões morais. Um marido, por exemplo, justifica sua infidelidade, dizendo que começou a amar outra mulher e que por isso abandonará seu lar, esposa e filhos, uma vez que não tem culpa de possuir tal sentimento. Uma mãe dá seu bebê em adoção por amor. Um pai é exigente com os filhos por amor. Por amor, os pais aceitam as escolhas erradas dos filhos. Por amor, dizem a verdade; por amor é preciso mentir. Até que ponto o amor pode ser  justificativa para todas atitudes? O amor tem um limite?
    Quando as pessoas falam sobre o amor é como se falassem do próprio Deus, e, suas atitudes, se feitas em nome do amor, devem ser perdoadas ou atenuadas. Porém é preciso fazer uma distinção aqui: Deus é amor, mas o amor não é Deus. O amor não é um sinônimo para Deus, por isso ele não pode ser um subterfúdio para qualquer ação humana. Obviamente, Deus é amor (   1João 1:8   ), mas Ele também é justiça, bondade, graça, misericórdia, perdão... Comparando, uma mesa pode ser azul, mas o azul não é uma mesa. Da mesma forma que uma mulher pode ser mãe, filha, amiga, esposa, professora, advogada. Todas as características dela em conjunto a definem, separadas não a formam completamente.
       Dar ao amor o status de Deus é ignorar que existem mandamentos que devem reger as ações humanas.  Uma ação não é melhor moralmente porque o sentimento amor existe.  O amor é um sentimento bonito, mas a justiça não fica muito atrás. E o que dizer da misericódia? Todos os outros sentimentos carregam um pouco de amor, alguém pode objetar, mas isso não faz dele o melhor sentimento.  Atribuir ao amor capacidade de justificar pecados é anular o sacrifício de Cristo (   Fil 2:8    ). Apelar para o amor como justificação de erros ou como crivo de atitudes é ser guiado por um sentimento que facilmente pode ser confundido com paixão, que é passageira e condicional.
O amor, por mais puro que seja, não é Deus.

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