Resenha de filme: O Substituto (SPOILER)
O Substituto na edição brasileira e em inglês Detachment
(EUA, 2011), ao observar a capa do dvd, pode-se pensar que o filme trata
exclusivamente sobre escola, professor e alunos. Entretanto essa história
surpreende. Não é mais um filme sobre o mito do professor-herói que chega sem
capa e com meia dúzia de palavras de efeito mudando a vida de todos os seus
alunos, pelo contrário, é um filme extremamente humano que com precisão
cirúrgica mostra a vida emocional de professores, alguns alunos e uma jovem
prostituída.
O professor, chamado Henry Barthes, vivido pelo ator Adrien
Brody, é uma alma machucada pela vida e carrega uma grande interrogação sobre
seu passado apenas sugerida inicialmente e depois apontada como um fato
importante para ele. Interessante observar que quem consegue arrancar-lhe o que
o atormenta é uma menina que ele “tirou” das ruas após vê-la apanhando de um
homem que recusou-se a pagá-la depois de uma relação sexual no ônibus. A jovem
conquista o amor paterno do professor.
Na sala de aula, a vida do professor Barthes não é simples,
ele é apenas um professor substituto, porém a escola em que vai trabalhar é
reconhecida como sinônimo de violência e ele precisa lidar com o caos crescente
ali, precisa gerir uma turma em ebulição; inclusive dando atenção a uma das
alunas que se sente excluída da escola, mesmo sendo a melhor aluna e a mais
promissora, em casa o pai não aceita a melancolia e o talento artístico dela. Barthes
percebe seu potencial, mas é obrigado a negligenciá-la porque tenta
constantemente não criar laços afetivos e existe a barreira, no caso instransponível,
professor-aluno. E assim, a salvação da menina escorre entre seus dedos. Ele
aprende a lição, e, no fim do filme, vai atrás da jovem que havia abrigado em
sua casa, mostrando que vence sua barreira emocional e dá uma chance a si
mesmo.
Nas redes sociais, apareceram comentários sobre esse filme
como se ele fosse mera reprodução do caos da educação, mas dizer que ele é
sobre alunos problemáticos é simplificá-lo; uma vez que as lentes das câmeras
acompanham os personagens até suas vidas privadas, apontando que a vida deles é
o maior objeto de análise, muito mais do que suas carreiras. Em determinado
ponto do filme, um dos professores que é tratado com toda indiferença pelos alunos,
ao chegar em casa, a esposa não tira os olhos da tv e o filho dá muito mais atenção
ao computador. É um filme sobre pessoas,
não sobre educação e suas particularidades.
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