terça-feira, 21 de abril de 2015


    Quem escreve sempre se depara com o desafio do papel em branco ou da página do word e o cursor piscando à espera da primeira palavra, da frase inicial, do parágrafo introdutório do texto. Mas outros problemas rondam quem escreve, e não precisa ser um escritor consagrado para sentir na pele o desafio que é escrever. Nunca é fácil. Os alunos pensam que são só eles que sofrem com as palavras ou com a ausência delas na hora de começar a digitar uma redação, um trabalho escolar, um desabafo.
   Como eu dizia, todos que escrevem sofrem com a escrita porque escrever é como tornar um sentimento em um fato concreto, nomear é fazer existir. Assim, muitas vezes se escreve, mas o sentimento escrito não é uma representação total do que se sente. As palavras são limitadas, mesmo que o vocabulário seja muito sofisticado, E os sentimentos são, muitas vezes, impossíveis de explicar. Mesmo você falando, relembrando, adjetivando-os, sempre está faltando mais palavras. Em muitas situações da vida, preferimos o silêncio, não pela falta do que dizer, mas porque se tem muito a dizer. E ainda dizendo muito, falando tudo, ainda está, por dentro, aquele pedacinho intocável, "indizível".
   Dessa forma, escrever limita. Mesmo me limitando, eu escrevo. Escrevo com a esperança de mudar alguma coisa, ainda que seja para mudar algo dentro de mim. Escrevo na esperança de que, se alguém ler, se identifique, ou não se identifique, mas seja qual for o caso, terei alguém testemunhando meus sentimentos. Alguém além de mim mesma.
   As estações estão mudando depressa. Ainda ontem foi meu aniversário, e embora eu vivesse um inverno particular, era primavera em toda sua plenitude. Agora é outra estação. Dessa vez as águas de março não fecharam o verão. Vivemos escassez de chuva e de sentimentos. Mesmo escrevendo tentando descrev

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